Um dos temas que mais tem ganhado destaque no setor de energia solar é a chamada inversão de fluxo. Esse fenômeno tem sido responsável pelo fechamento de diversas empresas em todo o Brasil, sendo o estado de Minas Gerais um dos mais afetados. Mas o que causa a inversão de fluxo? Uma das principais razões está no excesso de geração de energia durante o dia, justamente quando a demanda na rede nacional é mais baixa.
Fonte: Metodologia de Estimativa de Requisitos e Recursos de Flexibilidade no SIN Ministério de MINAS E ENERGIA.
Como pode ser observado no gráfico da Figura 1, dois pontos importantes se destacam. O primeiro é que, com a expansão dos sistemas fotovoltaicos, a carga durante o pico de produção de energia fotovoltaica (meio do dia) têm diminuído. Com o passar dos anos, essa tendência deve se intensificar, agravando ainda mais o problema da inversão de fluxo nesse período. O segundo ponto relevante é que, entre 18h e 19h, ocorre o pico de carga, exigindo uma grande demanda da rede elétrica. No entanto, nesse horário, a produção de energia solar praticamente não existe, como pode ser observado no gráfico que mostra a geração solar ao longo do dia.
Fonte: ONS operador Nacional do sistema elétrico.
Ao analisar os gráficos simultaneamente, é possível perceber um desperdício significativo de energia durante o pico de produção solar, pois não há carga suficiente para consumir toda a energia gerada naquele momento. Isso gera a inversão de fluxo e sobrecarga nas linhas de transmissão.
Uma das soluções para esse problema é a adoção de sistemas híbridos com baterias. Essa alternativa é vantajosa em diversos aspectos: durante os horários de alta geração, a energia excedente pode ser armazenada em bancos de baterias. Mais tarde, durante os horários de pico de demanda, mesmo sem a presença do sol, a energia acumulada pode ser utilizada. Isso representa uma melhoria tanto para o consumidor final, que aproveita melhor a geração solar, quanto para o sistema elétrico, que sofre menos com a sobrecarga nas linhas de transmissão.
A adoção de sistemas híbridos tem se tornado uma tendência global. Um fator relevante é o relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA (U.S. Energy Information Administration - EIA), segundo o qual a capacidade de armazenamento em baterias no país aumentou 66% em 2024. Para 2025, espera-se um novo recorde, com planos para adicionar 19,6 GW em capacidade de baterias. Dessa forma, os sistemas híbridos não só representam uma tendência global, como também oferecem uma solução eficaz para mitigar os impactos da inversão de fluxo nas linhas de transmissão.