Embora o crescimento do uso de energias renováveis seja constante, a maioria dos países voltou a atenção para o uso de combustíveis fósseis após o ápice da pandemia. Essa seria uma ótima oportunidade para que o mundo se recuperasse de forma mais verde e sustentável, mas não foi o que aconteceu.
Em 2011, o setor de energia renovável foi responsável por fornecer 20% das necessidades mundiais, e apesar do aumento em 2021, chegou a pouco menos de 28%, sendo que tinha uma capacidade muito maior.
Ainda em 2021, a demanda por energia cresceu ainda mais à medida que os países começaram a sair do lockdown, uma imposição feita pelos governos para tentar controlar o índice de contaminação. De acordo com Rana Adib, diretor do REN 21, muitos governos se comprometeram a diminuir o uso de combustíveis fósseis, mas voltaram a investir pesado em petróleo e gás natural conforme a economia foi sendo retomada.
O problema é que de 2021 para cá, as emissões de CO2 saltaram a um nível incrivelmente alto, sendo que mais de 36 bilhões de toneladas foram emitidas. Além disso, foram quase US$ 366 bilhões investidos, segundo a própria REN21. Isso demonstrou que pelo quarto ano consecutivo, os investimentos aumentaram. Mesmo assim, ainda foram baixos em comparação ao montante investido em combustíveis fósseis, que chegou a mais de US$ 18 trilhões somente entre 2018 e 2020.
O REN21 também comentou que os governos cometeram a grande falha de manter o foco na descarbonização, utilizando uma fração quase irrelevante do dinheiro que estava sendo gasto com combustíveis fósseis. Ele poderia ter sido melhor aproveitado ao ser investido em mais fontes de energia limpa.
Isso ficou ainda mais evidente na COP26 que aconteceu em novembro de 2021. Várias promessas foram realizadas a respeito da redução de emissão de gases no meio ambiente, e pouco foi cumprido. Além disso, apenas 84 países apresentaram metas de utilizar mais energia renovável, sendo que apenas 36 se comprometeram a utilizar até 100% de energias renováveis.
Ainda de acordo com a REN21, todos os investimentos realizados hoje, embora mais dinheiro seja empregado, são menores proporcionalmente à economia de alguns anos atrás (meados de 2007). A exemplo disso, 16% do dinheiro gasto foi direcionado para que houvesse corte nas fontes de combustíveis fósseis, mas o restante do dinheiro continua sendo utilizado para investir em energia não renovável.
A guerra entre a Rússia e Ucrânia tiveram um impacto significativo no segmento energético, principalmente pelas ameaças de corte de gás natural e petróleo para outros países da Europa por parte da Rússia. Embora a União Europeia tenha chegado ao consenso de proibir as importações de petróleo vindo da Rússia por 8 meses, alguns países do leste europeu não concordaram por não poderem cortar totalmente a importação. Além disso, tanto a Bélgica quanto a Alemanha não encontraram uma alternativa ao gás natural.
Sem contar que quase 60% de todas as empresas da Alemanha afirmaram que não podem substituir o gás a curto prazo, e outras 14% tiveram uma queda considerável na produção desde que a guerra começou. A solução mais acessível, barata e limpa para resolver o problema é investir cada vez mais em energias renováveis, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, já que somente 10% da energia mundial é gerada a partir de fontes renováveis (solar).